quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dei sogni resta la speranza

Não vou escrever nada de novo.Devia estar a resolver problemas de genética para a aula de amanhã, e por sentir culpa de o não estar fazendo, também não vou dar-me ao trabalho de escrever sobre nada aqui, quando começo, tema arrasta tema e demoro mais de meia hora a escrever um texto. Portanto, poesia minha pré-histórica. É o meu segundo poema em italiano,o primeiro escrevi-o quando tinha 6 anos, foi o meu primeiro poema de todos,começava qualquer coisa "Gli ucelini..."
Provavelmente o poema tem erros de tempos verbais e falta de acentos, e não me apeteceu consultar um dicionário, o título é "dos sonhos resta a esperança"

Dei sogni resta la speranza

giorni vadono
giorni arrivano
e io sto sempre in la stessa plaza

ma uno di questi giorni sera diferente dei altri
il mio corazone non existira piú
e doppo andro dove niente mi racontrara
in quella plaza dove cé la felicita
la stessa dei livri dei bambini

non ho mai cresciuto
i anni passano e io...
io ancora sogno tutti i giorni con il mio principe
e lo so que lui non existe
ma io continuo sognando
e questo sogno di bambini
mi fa sentire la tristezza in tutte le cose que vedo
e sta ucidando la speranza que mi resta
perche io lo so que i sogni non sono più di sogni

ma continuaro sognando
sognando al infinito
per dire al mundo
"sono ancora viva!"

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Romance dos tempos modernos

Dizem que a vida hoje em dia é boa,pelo menso que o é melhor que antigamente. Dizem-no as gerações anteriores à minha. Quando eles se referem a esta melhoria, decerto só se lembram do avanço na ciência e tecnologia, na maior comodidade do dia-a-dia, do encurtamento de distâncias.E o romance? Também este é melhor que no passado?
Há mais romance e pior. Tomara recuar no tempo e ter nascido há um século e meio atrás. Hoje em dia o romance está rodeado de asfódelos e enterrado. (Denota-se decerto o eufemismo que utilizei nesta frase, não irão depois comentar que eu só escrevo sobre a morte, se nem faço uso deste conjunto de cinco letras que caracteriza tudo quanto vive). Ainda se compram rosas e oferecem bombons, ainda se ouve o "Amo-te" quiçá demasiadas vezes, tantas de uma forma tão exponencialmente positiva,ainda se recebem cartas embora de uma forma electrónica (ce bon pour les arbres et la fôret).
Atente o leitor que estou a falar de romance, apenas romance.Sobre o amor recuso-me a escrever em correlação com o romance ,pois em nada se ralacionam, como erroneamente pensam todos.
Ora está uma jovem numa discoteca ou numa sala de chat virtual , ou noutro sítio qualquer,o local não tem relevância alguma aqui. E está um jovem no mesmo local que ela ou do outro lado de um computador ou telemóvel. O que eles pensam um do outro será algo do género " Até que se come". Ou um deles pensa " é uma pessoa interessante gostava de o/a conhecer melhor " e o outro pensa " que gaja/o boa/bom" . Nesta simbiose de interesses mútuos ou quase mútuos, desenvolve-se o romance,começam a trocar elogios, as conversas entre eles tratam-se apenas da troca de elogios (boring annoying), começam a sair, a fazer ou não coisas mais intímas das quais a narradora não quer saber. Este tipo de romance pode durar uns dias ou semanas. E sim, de facto há imenso romance. Mas é um romance barato e hipócrita, um romance leproso e sujo.

Conversa típica
X- fêmea Y - macho ( também poderia ser X e X, ou Y eY no caso de pessoas homossexuais, não se pense que isto só se passa entre heteros)

X-oi *.* tudo bem? *o*
Y- sim e contigo linda? :P
X- tb ^^ desde que te vi não me sais da cabeça :$
Y- nem tu :$ penso em ti a cada segundo que passa
X-nunca conheci ninguém como tu,és mm pefeito lindo
Y-não. tu é q és perfeita
X-não tu é que és amor
Y- tu é q és *.*
X-tu muito mais <3
Y- tu muito muito muito mais
(esta lengalenga estende-se por mais meia hora)
Y- pronto somos os dois. adoro-te tanto
X- se pudesse fugia agora de casa e ia ter contigo, tenho tantas saudades tuas <3
(pausa tenho que ir à casa de banho vomitar)
(voltei, deixa cá ver as minhas redes socias pa fazer copy e paste que já se me esgotou a imaginação para o relato de tal diálogo)
Y-és um sonho, nunca te vou largar, o meu coraçao é teu
(wow este Y deve ter estado uma hora inteira a pensar tal frase romântica e sentida)
X- amanhã à noite vou sair só para te poder abraçar meu amor
Y- tou tão ansioso , até aprece q o coração me vai sair pela boca
X- ai tou cheia d borboletas na barriga, acho qe te amo :$
Y- eu ia agora mesmo dizer isso :$
X- amo-te tanto, és a minha vida
Y- morria pelo teu amor, és o rubi mais verde do mundo (LOL os rubis são vermelhos)
( e não fiz copy paste de lado algum porque não me apetecia ter que levar com algum processo, nunca se sabe .... mais vale prevenir)

Depois de muitas conversas destas da treta,que são mais vazias que o próprio vazio dão umas voltas, deixam de falar , e voltam à mesma rotina,só trocam de parceiro.

Bem, que diferença entre a primeira parte do texto e este diálogo feioso.

Como acima eu escrevera, gostava de viver no passado.Se recebesse alguma carta seria com poemas lindos e únicos feitos a pensar só em mim,e não frases feitas que servem para qualquer uma. E memso que não fosse um romance duradouro saberia que as palavras eram verdadeiras e sentidas. Não se culpa ninguém por deixar de gostar de alguém, ninguém comanda certos sentimentos.Estes são como a vida, podemos tentar dar-lhes um rumo, mas o rumo final ninguém o escolhe.

Sejamos honestos!!!!!


Lista de livros

Hoje decicidi fazer uma lista dos livros que li nos últimos tempos.Já tinha pensado há imenso fazer o mesmo com nomes de filmes,mas os nomes dos filmes que vejo(que são raros) caem sempre no meu esquecimento. Gosto dos filmes em que entra o John Travolta =) como o ahm... Grease e ...Pulp fiction...Gosto dos filmes de terror, drama, comédias... Mas efectivamente não dedico tempo ao cinema,nem me recordo a última vez que vi um filme.Basta de devaneios e vamos à literatura, nunca me esqueço do nome de um bom livro
Autores de língua portuguesa

José Saramago:
-A jangada de pedra
-O evangelho segundo Jesus Cristo
-O ano da morte de Ricardo Reis
-As intermitências da morte
-Levantado do chão
-Memorial do convento
-Todos os nomes
-Ensaio sobre a lucidez
-Os poemas possíveis
-As pequenas memórias
-Cadernos de Lanzarote
-A bagagem do viajante
-Caim
-In nomine dei
-A viagem do elefante

Júlio Dinis:
-As pupilas do senhor reitor
-Uma família inglesa

Eça de Queiroz:
-A cidade e as serras
-Os maias
-A relíquia

Margarida Rebelo Pinto:
-I'm in love with a popstar
-Não há coincidências

Miguel torga:
-Antologia Poética

Jorge Amado:
-Capitães da areia


Não vou colocar aqui os livros abrangidos pelos programas escolares do ensino secundário tais como Os Lusíadas,A mensagem e poemas de F.Pessoa, Frei Luís de Sousa,etc,porque é óbvio que os li todos.

Autores estrangeiros



Moliére:
-O Misantropo
-Escola dos maridos

Virginia Woolf:
-O quarto de Jacob
-Orlando

Edgar Allan Poe:
-Os crimes da Rua Morgue
-Annabel Lee
-O mistério de Marie Rogêt
-O corvo e outros poemas
-Sozinho

Oscar Wilde:
-O retrato de Dorian Gray
-O fantasma de Canterville

George Elliot:
-Silas Marner

Joseph Conrad:
-Coração das trevas

Lewis Carroll:
-Alice no país das maravilhas

Bram Stoker:
-O convidado de Drácula
-A casa do juíz
-A Índia

Mary Shelley:
-Frankenstein

Jorge Luís Borges:
-Os conjurados

William Shakespeare:
-Hamlet

Jeanette Winterson:
- The PowerBook

E tenho a sensação que algo se me olvida... Não , não é a J.k.Rowling nem o Tolkien, mas li esses também...

domingo, 21 de novembro de 2010

Rui Damião

Este jovem senhor é o meu colaborador, ainda que de forma inconsciente. Ele não quer que eu coloque aqui os textos dele, mas vou colocar.É díficil encontrar pessoas com a sua arte e engenho .Aqui está um poema seu:

Consomem-me os outros
Tal uma matilha de lobos,
Por regras que eu não escrevi
Nem nasci pra fazer parte,

Serei eu tão altivo
Tão culpado e arrogante
Por olhar à minha volta
E me ver tão distante?

Consomem-me os outros
tal como animais sedentos
por beber do meu rio
Que seca de tempos a tempos

Não sou mais que ninguém
Serei até menos certamente
se fosse, passaria indiferente
Tal como passa toda a gente

Nunca pedi por nada disto
Nem por nada de mim
Se pedisse nunca escolhia
Tal maldição assim

Consomem.me os outros
Os consumidos indiferentes
Que por razões que desconheço
Se dissolvem na corrente.

Hamlet de W.Shakespeare

Entre sexta e sábado li Hamlet,tradução de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Trata-se de uma tragédia em 5 actos, e de fácil compreensão. Tece-se em redor da vontade de Hamlet em vingar o seu pai assassinado pelo próprio irmão, a loucura e a solidão.

Este site contem a tragédia na íntegra se quiserem ler http://shakespeare.mit.edu/hamlet/index.html

"Em questões de comida, o verme é o único imperador(...)Um rei gordo e um pedinte magro nada são senão iguarias variadas: dois pratos,mas para uma só mesa"

"A palavra maldosa adormece na orelha do pateta"

"Ser ou não ser,eis a questão,
Será mais nobre deixar que o espírito suporte
Os golpes e as setas dafortuna ultrajante
Ou erguer armas contra um mar de angústias
E não aceitando,pôr-lhes termo?Morrer, dormir,
Dormir e talvez sonhar."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

He,she,he,them (in this far freezing desert)

Este poema virou música graças ao meu amigo Rui Damião, obrigado ^^
http://www.youtube.com/watch?v=bxGzX-ZA25s

I don't know what else can i do for my life
im such a creep
no one will ever understand me
cos no one passes for things i pass trough
it's my life! not urs!
how can you expect to fucking understand me?

in this far freezing desert im all alone
by myself
and im ok this way
just step away from me, and i'll be just fine
he, she, he, them!they're destroying myself

he, she, he, them!step away from me!
he, she, he, them!stay where you are

and i'll be just fine
he, she, he, them!i'll show you your hell
wanted to be part of fucking mind?no you're arrested in it

happy now?cos i'm not! i'm not fucking happy
i'm miserable,but i'll turn that fucking crap you call a brain into nothing!

Miocardite

Escrevi este poema em Março, e decidi inovar e utilizar maioritariamente palavras iniciadas pela letra M

a minha macrobia esmaga o machial
madrugadas e memórias que morrem
meus músculos que se desvaneiam amargurosamente
meus olhos mirando algum milagre numa maca
matéria e massa macabramente melancólica
macadamizem este mero monstro macambúzio!
só espero pelo machado macilento que sempre me maculou
que ceife a vida desta madalena madrigálica
maiêutica malgalante que me amaldiçoas!
esta mortualha na mente mortifica qualquer ser
alguém mude e me mostre um novo mosteiro minudenciosamente

O poeta é um fingidor

"O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente" (F.Pessoa),

ao citar isto não significa que me esteja a expressar em relação à falsidade,mas sim ao fingimento, que em tudo se opõem.
Falsidade e fingimento. Duas palavras que poderiam levar o público menos instruído à conclusão de sinonímia. Mas equivocar-se-iam.Falsidade e fingimento está como o branco para o preto.
Ora, no âmbito dos meus sentimentos e escrita, nada é falsificado.Tudo é fingido.Os sentimentos são reais,a escrita é verdadeira. De uma forma mais explícita, no momento em que escrevo o que sinto é: tudo e rigorosamente nada.
Encontro-me numa espécie de transe, um modo apatético. Estou num mundo só meu, abstraída de todos os sentimentos; e num mundo a sós poucos sentimentos se poderão exprimir e descrever.
É aqui que entram as memórias e recordações, estas que me consomem o ser.São estas particularidades do inconsciente o meu petróleo,a minha matéria prima. Sem elas, nunca uma linha teria sido escrita ou pensada.
Seria isto que o ilustre Pessoa sentia quando escrevia? Cada poeta é único por trás do manto invisível das semelhanças comuns.

Não quero tornar a minha arte repetitiva
mas decerto não o poderei evitar
a sociedade existe,
o que a mim aconteceu,
algures a alguém sucedeu
não poderei ser assim tão única

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Antologia poética de Miguel Torga

Li esta antologia há cerca de 2 ou 3 anos, não me recordo o tempo exacto, mas lembro-me de algo: adorei o livro e apontei o nome dos meus poemas preferidos inclusivé . Aconselho a apreciadores e não apreciadores de poesia.
Vou transcrever alguns exemplos:

Esperança
Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz! Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco...
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado.

Câmara escura
Devagar,
Hora a hora,
Dia a dia,
Como se o tempo fosse um banho de acidez,
Vou vendo com mais funda nitidez
O negativo da fotografia.

E o que eu sou por detrás do que pareço!
Que seguida traição desde o começo,
Em cada gesto,
Em cada grito,
Em cada verso!
Sincero sempre, mas obstinado
Numa sinceridade
Que vende ao mesmo preço
O direito e o avesso
Da verdade.

Dois homens num só rosto!
Uma espécie de Jano sobreposto,
Inocente,
Impotente,
E condenado
A este assombro de se ver forrado
Dum pano de negrura que desmente
A nua claridade do outro lado.

Negrura
Neste dia sem luz que me anoitece,
Que me sepulta inteiro,
Até de mim a minha dor se esquece
Para que eu seja um morto verdadeiro.

Chove tristeza fria no telhado
Do castelo do sonho; nua, nua
A calçada que subo, já cansado
De tanto andar perdido nesta rua.

Duma olaia caiu, morta, amarela,
Qualquer coisa que foi princípio e fim;
E bem olhada, bem pensada, é ela
Aquela folha que lutou por mim...

Sozinho e morto ouço cantar alguém,
Mas é longe de mais a melodia...
E o ouvido que vai nunca mais vem
Trazer me a luz que falta no meu dia.

In Nomine Dei de José Saramago

Iniciei hoje a leitura desta obra dramática, e já a terminei.
Além de nobel da literatura e romancista, Saramago também explorou o teatro, tendo este livro ganho o Grande Prémio de Teatro APE/SEC.

Toda a acção decorre em Münster, entre Maio de 1532 e Junho de 1535.
No princípio do primeiro acto, denota-se o clima de oposição entre os católicos e os protestantes. O mais engraçado é o facto de travarem uma guerra hipócrita em nome de um deus, que só por ocasião do acaso, é o mesmo deus! Podendo não o ser, é-o.
Mais uma vez Saramago tenta abrir os olhos a quem fechados os tem por natureza ou por inconsciência consciente, pois olhos fechados por natureza só os cegos os têm infelizemente.Ao longo dos três actos cometem-se os piores actos contra a condição humana,mas tudo feito , claro está, em nome de deus, pois seria uma grande heresia se o fosse por vontade do homem.
Cada atrocidade cometida, é sempre seguida da típica frase "vontade de Deus",daí o nome "In Nomine Dei".
Algo deveras cómico na peça foi a punição pela práctica do adultério, mas passado algum tempo os mesmos crentes decidiram instaurar a poligamia, justificando-a como a vontade de deus.

Que mudou até aos nossos dias? Nada.


Seja feita a vontade dos Homens, em nome de Deus
O vosso sangue derramado é o meu cálice, os vossos cadáveres o meu pão
"Entre o homem, com a sua razão, e os animais, com o seu instinto, quem, afinal estará mais dotado para o governo da vida? Se os cães tivessem inventado um Deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao mome a dar-lhe, Perdigueiro fosse, ou Lobo d'Alsácia? E, no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, andariam, gerações após gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do tufado da cauda do seu canino deus?"In Nomine Dei