quarta-feira, 17 de novembro de 2010

In Nomine Dei de José Saramago

Iniciei hoje a leitura desta obra dramática, e já a terminei.
Além de nobel da literatura e romancista, Saramago também explorou o teatro, tendo este livro ganho o Grande Prémio de Teatro APE/SEC.

Toda a acção decorre em Münster, entre Maio de 1532 e Junho de 1535.
No princípio do primeiro acto, denota-se o clima de oposição entre os católicos e os protestantes. O mais engraçado é o facto de travarem uma guerra hipócrita em nome de um deus, que só por ocasião do acaso, é o mesmo deus! Podendo não o ser, é-o.
Mais uma vez Saramago tenta abrir os olhos a quem fechados os tem por natureza ou por inconsciência consciente, pois olhos fechados por natureza só os cegos os têm infelizemente.Ao longo dos três actos cometem-se os piores actos contra a condição humana,mas tudo feito , claro está, em nome de deus, pois seria uma grande heresia se o fosse por vontade do homem.
Cada atrocidade cometida, é sempre seguida da típica frase "vontade de Deus",daí o nome "In Nomine Dei".
Algo deveras cómico na peça foi a punição pela práctica do adultério, mas passado algum tempo os mesmos crentes decidiram instaurar a poligamia, justificando-a como a vontade de deus.

Que mudou até aos nossos dias? Nada.


Seja feita a vontade dos Homens, em nome de Deus
O vosso sangue derramado é o meu cálice, os vossos cadáveres o meu pão
"Entre o homem, com a sua razão, e os animais, com o seu instinto, quem, afinal estará mais dotado para o governo da vida? Se os cães tivessem inventado um Deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao mome a dar-lhe, Perdigueiro fosse, ou Lobo d'Alsácia? E, no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, andariam, gerações após gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do tufado da cauda do seu canino deus?"In Nomine Dei

2 comentários: