Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente" (F.Pessoa),
ao citar isto não significa que me esteja a expressar em relação à falsidade,mas sim ao fingimento, que em tudo se opõem.
Falsidade e fingimento. Duas palavras que poderiam levar o público menos instruído à conclusão de sinonímia. Mas equivocar-se-iam.Falsidade e fingimento está como o branco para o preto.
Ora, no âmbito dos meus sentimentos e escrita, nada é falsificado.Tudo é fingido.Os sentimentos são reais,a escrita é verdadeira. De uma forma mais explícita, no momento em que escrevo o que sinto é: tudo e rigorosamente nada.
Encontro-me numa espécie de transe, um modo apatético. Estou num mundo só meu, abstraída de todos os sentimentos; e num mundo a sós poucos sentimentos se poderão exprimir e descrever.
É aqui que entram as memórias e recordações, estas que me consomem o ser.São estas particularidades do inconsciente o meu petróleo,a minha matéria prima. Sem elas, nunca uma linha teria sido escrita ou pensada.
Seria isto que o ilustre Pessoa sentia quando escrevia? Cada poeta é único por trás do manto invisível das semelhanças comuns.
Não quero tornar a minha arte repetitiva
mas decerto não o poderei evitar
a sociedade existe,
o que a mim aconteceu,
algures a alguém sucedeu
não poderei ser assim tão única
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